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VIAGENS DE ANTONIO MIRANDA PELO BRASIL
 

O SUDOESTE DA BAHIA

14-08-1988

 

Deixando a orla de coqueiros das imensas praias da Bahia, depois de passar pela região  feraz e próspera de
Feira de Santana, no caminho que acompanha o
Rio São Francisco, penetra-se em extensas planícies do sertão, atravessando a caatinga pobre e quase desértica.
Poucos são os povoados e raras as fazendas revelam a modéstia de seus cultivos.
São várias horas de retas intermináveis, com um sol causticante e quase nenhuma infraestrutura de apoio até que se chega a Itaberaba, uma cidade em crescimento,
mas com as características de assentamento sertanejo.

 

Foto: https://www.carpemundi.com.br/roteiro-chapada-diamantina/


Mas logo se chega à Chapada Diamantina, agora convertida em Parque Nacional.  De longe se avista a silhueta ciclópea de suas bizarras formações rochosas e percebe-se a imensidão de seus vales auríferos.
Lençóis, a principal cidade do planalto de “gerais”, está vinculada às origens das atividades mineradoras de diamantes no século passado.  O povoado teria começado com os garimpeiros oriundos de Minas Gerais, emigrados do Tijuco, logo adensado por levas de aventureiros de todas as partes.

Ávidos de se entregarem à lavra, moravam em condições de máximo improviso mas, a fortuna aurífera atraiu, naturalmente, artesãos e comerciantes que, à falta de tempo, recursos e materiais de construção, usavam pano branco para cercar ou cobrir suas habitações, aparentando, à distância, lençóis brancos estendidos.  Mas logo o povoado cresceu e sobrados oitocentistas foram levantados, como testemunhos de sua prosperidade e opulência.
O período de fausto, com senhores abastados, servidos por vasta criadagem e cercados de escravos, parece ter sido curto, mas intenso, se julgado pela quantidade de edifícios e igrejas que a cidade até hoje conserva.

 

Lençóis - Bahia   Foto: www.instagram.com

Menos de 50 anos, talvez, até a descoberta das minas diamantíferas e auríferas do Cabo da Boa Esperança, no extremo meridional da África, fazendo cair os preços das gemas no mercado europeu, no fim do século passado. Conservo alguns cartões postais de Lençóis  em minha coleção particular. Adquiri-os na Feira de Antiguidades do Rio de Janeiro e surpreendi-me com os conjuntos arquitetônicos. Agora encontro um dos postais reproduzidos em uma ampliação fotográfica na parede de um restaurante regional da cidade visitada.
Existem pousadas de luxo e programas de excursões às grutas e cachoeiras do vale diamantino, atraindo gente de toda parte. Inclusive os europeus.
É de agradável e nostálgico sentir a oportunidade de deambular por suas ruas de pedras, o observar as suas vetustas, mas coloridas, construções.

Procurei por dois amigos correspondentes que moram ali, mas não os encontrei. O artista plástico Dieter Herzberg
e a fotógrafa Sueli Seixas, ambos responsáveis pela edição dos únicos postais modernos da localidade, o primeiro reproduzindo seus desenhos a bico de pena, e a segunda, fotos da cidade, de uma das cachoeiras locais.
A urbe é recortada contra a cordilheira do Sicorá, cortada pelo rio Santo Antonio. Várias ladeiras dá a ela aquela mesma feição de cidade “mineira” do ciclo do ouro.
Não tive tempo para percorrer os pontos turísticos das redondezas, nem o tempo nublado e frio animava nisso, comigo mesmo, de voltar a Lençóis par explorá-la com mais dedicação.
No sentido do rio São Francisco sobe-se o planalto margeando as formações rochosas mais proeminentes, descortinando-se vales verdes e profundos.
 


Foto: ibotirama bahia

Até Ibotirama é outra manhã inteira de viagem, por retas infindáveis! Outra vez a expressão agressiva de Polígano das Secas, com o intrincado de sua vegetação arbustiva, ressequida e enrevesada.
A ponte enorme sobre o leito largo do velho “Chico” - e o rio da “integração nacional” — aparece na vastidão  da caatinga. Suas águas ainda mediocremente aproveitadas em projetos de irrigação, seguem tranquilos pela vastidão incomensurável dos sertões baianos. Mas, à medida que se segue em direção ao sul, a paisagem muda, por planícies intermináveis, onde se estendem plantações extensivas, imensas, de soja, onde novas e novas áreas, milhares de hectares de terras estão sendo incorporadas ao plantio, e onde começam a surgir, a espaços cada vez mais reduzidos, os enormes silos graneleiros.

Sem dúvida, estamos diante do celeiro do Brasil, com as mesmas perspectivas de progressos que, em épocas passadas, permitiram o povoamento do noroeste paulista e do Paraná. Terras ricas, planas, próprias para a mecanização, ainda baratas e servidas pele rodovia asfaltada.
Do outro lado da fronteira, no estado de Goiás, a geografia já é mais acidentada, ondulada, ascendente, até chegar à cidade de Formosa.
Pode-se imaginar o crescimento daquelas regiões nos anos vindouros. As imensas plantações atuais e a cria extensiva de gado certamente não vão permitir um assentamento humano muito maior no campo dos latifúndios, mas é possível prever o surgimento de muitas cidades e povoados de apoio, agrovilas e indústrias de transformação.
A única “grande” (...) cidade da região, já no fim das planícies, é Barreiras, que agora começa a receber os primeiros edifícios de condomínios e que sustenta o maior comércio regional, com entreposto e bolsa de negócios.
 

 

https://www.google.com
/ Uma foto de Barreira um pouco mais recente do que a que visitamos em 1988...
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